Do distanciamento.
Escrever este blog significa recordar episódios cómicos mas também outros nada felizes, implica falar com o Homem sobre o assunto, coisa que passei muito tempo a evitar. Durante muitos anos, o assunto sogra era sinónimo de discussão, não no sentido de ficarmos um contra o outro, mas porque eu ficava fora de mim, enervada a roçar a histeria e o pobre desgraçado lá tinha de me acalmar. Felizmente o Homem, apesar de às vezes se esquecer porque-é-boa-pessoa-e-acha-que-toda-a-gente-é-como-ele, sempre teve olhos abertos e o coração no lugar.
Escrever este blog só é possível porque existe um distanciamento. Um distanciamento físico, mas principalmente um distanciamento emocional. Não estaria a dizer a verdade se afirmasse que ela já não me irrita, que irrita, mas existe um espaço, como que uma barreira de ar cada vez mais larga à minha volta, uma barreira anti-sogra, um filtro que relativiza tudo o que dali vem.
E ao olhar para trás já não vejo o mal que ela me fez, vejo momentos que nos tornaram mais fortes. E sei que deveria lamentar, mas como é que posso lamentar não ter de atura-la (e ao resto da sua trupe-from-hell) quando a minha vida tem sido tão melhor desde que pusemos os pontos nos i's? Se ao menos houvesse alguma coisa efectivamente boa para sentir falta, mas não há. Nada. Népias. Nicles.